quinta-feira, 9 de junho de 2011

Pré viagem Jaguariúna - Parte 2/4

Dia 2 (05/06/2011)



            O segundo dia começou a tremedeira já falada e dois “não” ’s para o café da manhã. Estávamos acostumados com “sim” ‘s e continuamos tentando. Paramos no Centro Cultural e pegamos um guia da cidade. Vimos o museu e fomos ver o que fazer. Andamos por aí e descobrimos uma igreja de grande porte, na qual o padre saiu correndo enquanto tentava falar com ele. Depois passamos pela prefeitura e passamos em dois mercadinhos. Um deles, sem nome, nos deu dois pacotes de bolacha.
            Antes de pensar no almoço resolvemos andar por aí, procurando algo interessante e, ao mesmo tempo, o Parque dos Lagos. No caminho, fomos identificando bons lugares para dormir e foi quando achamos o lugar ideal – uma igreja com um quintal enorme e árvores para montarmos a barraca – que tudo mudou. O pastor alegou, como tantas outras vezes ouvimos, que a guarda civil não deixaria e, sem sabermos, chamou a assitente social. Enquanto conversávamos achando que alguém, mais responsável pela igreja que o pastor, viria conversar conosco, a guarda civil e a kombi com a assistente social do dia anterior e um outro novo, muito irônico e pouco prestativo. Seus discursos eram “não quero ter que sair denovo à noite por causa de vocês dois” e “ué! Vocês não vão dar a volta ao mundo? Então vocês podem se virar”.
            Sim! A gente queria se virar. Em Jaguariúna, mas eles nos mandaram para Pedreira e a gente perguntou como voltava depois, querendo saber as estradas. A resposta foi essa segunda. Não vi nada de assistência nele, muito menos social. Mas enfim, acontece e aconteceu. Quando a guarda civil chegou fomos obrigados a resolver entre ser levados a algum lugar próximo a saída para voltar à Barão Geraldo ou ser levados para Pedreira. Para a viagem não acabar ali decidimos ir para Pedreira e, de lá, seguir viagem para Amparo. Segundo eles a viagem seria de uns 10, 11km e que lá teria um albergue onde poderíamos ficar. Primeiro erro: segundo o Google, e as placas, andamos uns 15km até o local onte estaria o albergue. Segundo erro: O albergue foi fechado em Janeiro.
            Antes de descobrir isso, almoçamos em Pedreira. O “Restaurante e Lanchonete Sabor de Minas” nos deu uma marmita, que dividimos em dois em nossa primeira refeição de verdade. Na saída de Pedreira ainda conseguimos mais duas marmitas, que guardamos para a janta. Ainda na estrada comemos as duas marmitas de Pedreira e chegando lá conseguimos um salgado de um lugar sem nome, além de comer um pacote de bolacha que tinha sobrado daqueles dois que o mercado, também sem nome, deu em Jaguariúna.


            Estávamos nós mais uma vez depois de escurecer procurando local para dormir em uma cidade desconhecida. No caminho tinhamos visto um posto com potencial, mas estava a 8km de onde a gente estava, mais ou menos, e eu não me achava em condições de andar mais 8km no frio que já estava. Propus a rodoviária mais uma vez, mas o Samuel não queria. Fomos atrás de igrejas novamente e descobrimos uma pensão com uma dona boazinha que até poderia deixar a gente não pagar. Ela realmente era boazinha, mas depois de pedir 20 reais por pessoa e a gente não ter e também não ter nada para vender que pudesse pagá-la ela disse não ter quartos e voltamos sem nada para a rodoviária.
            De manhã eu tinha sugerido que não era preciso fazer o revezamento de dormir, sendo suficiente estarmos bem presos às nossas coisas a ponte de acordarmos se alguém mexesse. Fizemos isso dessa vez. Achamos um guichêzinho de informações e dormimos ali mesmo. Sentimos menos frio, mas tenho a impressão de ter ouvido a mulher da limpeza dizer que tinha feito 8ºC. Talvez fosse o sono, mas é possível que não. Dessa vez estávamos mais agasalhados e era possível forrar o chão e se cobrir com o mesmo cobertor. Isso não quer dizer que não tenhamos passado frio, mas já estávamos calejados pela noite anterior.
           

Dia 3 (06/06/2011)



            Acordamos em Amparo nove horas depois. Tinhamos que recuperar o sono perdido das duas noites anteriores. Acordar às 5h para sair e revezar o sono não permitiu que dormíssemos o suficiente. Levantamos e fomos procurar o que comer e o que visitar. Não achando rápido um café da manhã, abrimos o segundo pacote de bolacha que nós mesmos levamos. Fomos até a prefeitura e pegamos o guia da cidade e decidimos ir até o Parque Ecológico. Não nos veio à cabeça, mas estava fechado por ser segunda-feira. No caminho conseguimos um pacote de salgadinho em e dois pães com mortadela. Guardamos tudo e comemos o salgadinho no banco do lado de fora do parque, onde decidimos iniciar a volta no mesmo dia.


            Estávamos muito cansados e andar 50km (que na verdade descobrimos ser uns 60km) em um só dia seria demais. Sem ver muita coisa na cidade tomamos o rumo de Campinas. Passamos no “Supermercado Antonelli” que é grande e nos surpreendeu a dar alguma coisa e foi quando comprovamos que o importante é o dono ou o gerente estar lá. Ainda antes de sair da cidade passamos no “Bom Gosto” e conseguimos uma marmita para dividir. Alguns metros pra gente pegamos mais duas na churrascaria “Gaúcho Tchê Grill”. Comida suficiente para o dia todo. 


            Partimos sem muita pressa mas sem muita lerdeza, para andar o máximo possível e ficar “pouco” para o dia seguinte. A primeira parte da estrada foi até que rápida e chegamos à cidade de Porcelo=ana, digo Pedreira. Tá, péssima piada, mas não tem como não fazer. Qualquer lugar que que se olhe enxerga-se porcelana. Pedreira não pareceu ser um lugar com muitas coisas para fazer, mas lá encontrei o melhor banheiro público da minha vida. O banheiro era limpíssimo, com papel higiênico e uma pessoa fora cuidando.


            Continuamos a viagem e uma coisa engraçada acontece quando já estávamos um pouco cansados na estrada entre Pedreira e Jaguariúna. Já procurávamos possíveis lugares para armar a barrca quando um ônibus deu uma buzinada e parou metade na pista metade no acostamento. Achamos que ele ia pedir informação, mas saiu de dentro um cara falando pra gente colocar a mala no bagageiro e para entrarmos no ônibus, que ele não aguentava mais ver a gente e ia dar uma carona até Jaguariúna. Entramos e sentamos na parte da frente mesmo. Ele disse que fazia a linha Amparo – Jaguariúna e que tinha ido pra Amparo e visto a gente andando, depois voltou pra Jaguariúna e viu a gente sentado tomando água, foi de novo pra Amparo e viu a gente andando e que tava vendo a gente de novo e não ia conseguir passar direto.
            Enquanto  conversávamos ele apoiou o projeto e contou algumas histórias. Ele é um cara bem gente boa, engraçado e animado, chama Eduardo. Nos deixou perto do centro de Jaguariúna, de onde seguimos até um posto Esso, já na Rodovia Adhemar Pereira de Barros. Antes disso o Samuel pegou algumas laranjas de uns pés pelos quais passamos, que serviram de café da manhã no dia seguinte.
            No posto aceitaram bem fácil que ficássemos lá. O maior problema foi o Pitbull idoso que tava la. O Samuel teve receio, apesar de eu achar que ele já não era capaz de fazer muita coisa. Mesmo assim, quando ele veio ficar perto de mim querendo a carne da marmita, que tinhamos conseguido, eu achei melhor respeitá-lo e dei um pedacinho. Ele ainda devia conseguir morder forte.


            Logo cedo já estávamos deitados na barraca para dormir.



Dia 4 (07/06/2011) 






            Último dia de viagem. Objetivo: chegar em casa. Confesso que demos muita sorte de chegar mais cedo que o planejado. A carona do Eduardo, no dia anterior, nos ajudou muito. Nesse dia, mais tarde, os ventos chegaram a 70km/h, segundo algum site, e nós pegamos só o começo dessa ventania toda e da chuva que a acompanhou. 


            Não fizemos o mesmo caminho da ida. Alguém tinha nos falado que uma estradinha de terra em frente ao posto policial nos deixaria em Barão Geraldo, e o Eduardo confirmou tal informação. Procuramos talz estrada e encontramos uma asfaltada, que imaginamos que mais pra frente seria de terra, mas foi asfaltada até o fim. Mesmo assim, em torno dela tinha várias fazendas e, o pior, campos de terra.
            Parecia aquelas imagens de deserto, com a areia se remexendo toda. Não conseguíamos olhar pra frente sem vir um pouco de terra nos olhos. Mas continuamos em bom ritmo. Pegamos alguns abacates em duas fazendas. Numa delas eu achei que o Samuel ia apanhar. Saiu um homem com uma enxada na mão. Eu estava um pouco longe e achei que era o fim do Samuel. Mas o homem só disse para que pedissemos antes de pegar, apesar de se mostrar contrariado. Na outra fazenda parecia ser o dono que chegava bem na hora em que eu estava saindo com dois abacates grandes, mas era só um carro qualquer.
            Seguimos, já identificando sinais de Barão Geraldo e de proximidade com a cidade. Pedimos informações duas ou três vezes e saímos na Estrada da Rhodia. Dali foi só terminar o trajeto. Subimos uma das ruas da Vila São João e demos de cara com ela: a Moradia. Entramos e fizemos as últimas gravações e fotos.
            Chegava ao fim a primeira pré viagem dos Mochiclistas. Realmente tivemos muitos imprevistos e já aprendemos bastante coisa. Vimos menos do qu queríamos e andamos mais do que planejamos. Sabemos que temos preparo para andar bastante, agora é só nos preparar para a próxima. \o/




Amanhã começam as dicas pra quem quer viajar ou fazer um mochilão. 
O terceiro dia de post traz lições/conclusões e as dicas de trajeto
O quarto dia traz as dicas de turismo e algumas dicas gerais.

Até amanhã e obrigado pela visita

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